No mundo, mais de 85 milhões de empregos não serão preenchidos até o final de 2030, pois não existirão pessoas qualificadas para ocupá-los, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Quem imagina que esse cenário está distante por ser global, se engana. No Brasil a estimativa segundo a BRASSCOM, é que só no mercado de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) teremos um GAP de mais de 500 mil vagas de emprego sem mão de obra qualificada, até dezembro de 2025.
No entanto, temos um claro paradoxo no Brasil: grande escassez de mão de obra em TI, com altos salários, e o volume recorde de jovens desocupados.
36% dos Jovens de 15 a 29 anos no Brasil, não estudam nem trabalham. São os chamados “Nem Nem”, nem estudam e nem estão ocupados.
Se olharmos para as classes sociais C, D e E, o problema é ainda maior, termos jovens desocupados aumenta e muito a chance de serem seduzidos para a criminalidade e/ou sofrerem mais com doenças emocionais e mentais.
Segundo o IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), os casos de depressão entre jovens de 18 a 24 anos, quase dobraram antes mesmo da pandemia. A prevalência da depressão entre jovens cresceu de 5,6% em 2013, para 11,1% em 2019. Ainda segundo o IEPS, os impactos da pandemia de Covid-19, da crise econômica e dos altos índices de desemprego, não estão restritos ao universo dos adultos e também afetam a saúde mental da juventude brasileira.
No final das contas, aproveitar a escassez de mão de obra qualificada no mercado de TI para gerar iniciativas de Impacto Social, além de ser uma enorme oportunidade para alcançar desenvolvimento social econômico sustentável e colaborar para a erradicação da pobreza, ainda se apresenta como uma excelente ferramenta de melhorar a saúde e a segurança pública.
Mas como materializar?
Levar educação de qualidade e geração de renda para camadas sociais mais vulneráveis, envolve muito planejamento e principalmente empatia. Jovens em vulnerabilidade social, além de sofrerem com a falta de infraestrutura para estudar e aprender uma nova profissão, geralmente são cobrados para compor a renda familiar.
Eu lidero iniciativas de capacitação e empregabilidade em camadas sociais mais vulneráveis desde 2005 e me sinto confortável para dizer, existem muitos desafios que são específicos nessas iniciativas, mas entre eles, destaco principalmente o apoio financeiro e a mentoria como os fatores mais importantes para materializar essas ações. Sofrer com a fome e com necessidades básicas, inviabiliza qualquer chance de se concentrar para aprender uma nova carreira, ainda que se tenha muita aptidão e força de vontade.
Eu mesmo, que nasci em uma periferia de São Paulo, tive meu primeiro contato com a carreira de tecnologia em um curso da Força Sindical, que eu só consegui fazer, porque recebíamos um passe de ônibus e um lanche para comermos durante o curso.
Em linhas gerais, com o aumento da agenda de ESG nas empresas e a pauta das ODS da ONU ganhando força, acredito que temos uma oportunidade ímpar de gerar Impacto Social em escala para camadas sociais mais vulneráveis, aproveitando a escassez de mão de obra gerada pela 4ª Revolução Industrial.
Fonte: Wagner Amorim (Start Plus)
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