Apesar da Constituição Federal garantir o direito à livre manifestação, liminar proíbe o Greenpeace Brasil de realizar nova manifestação nesta sexta-feira (23) em propriedades da JBS
O Greenpeace reagiu à notícia de que uma contagem inicial aponta que 52% dos acionistas minoritários da JBS votaram contra a proposta de listagem da empresa na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). A votação, que se encerra oficialmente nesta sexta-feira (23), ocorre durante uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) e é considerada decisiva para os planos de expansão global da companhia, que incluem a mudança da sede para a Holanda.
“Essa contagem preliminar, aponta que a visão dos bilionários irmãos Batista, que destrói o clima e a natureza, para uma expansão global está no fio da navalha. A empresa espera que uma liminar que proíbe o Greenpeace Brasil de protestar na Assembleia Geral Extraordinária silencie as críticas, mas está claro que muitos acionistas estão acordando para a falha do acordo que lhes está sendo oferecido”, comenta Daniela Montalto, porta-voz do Greenpeace Reino Unido.
Essa liminar foi concedida após um protesto pacífico realizado na sede da JBS em São Paulo, no final de abril. A manifestação teve como objetivo chamar a atenção para o papel da empresa na destruição das florestas, em especial da Amazônia, e no consequente colapso climático. A liminar proíbe o Greenpeace Brasil de realizar nova manifestação nesta sexta-feira (23) em propriedades da JBS, durante a Assembleia Geral Extraordinária. É nesse encontro que serão registrados os votos finais dos acionistas minoritários sobre a aceitação ou não da proposta de listagem da JBS na Bolsa de Valores de Nova York.
“A realidade é que esse acordo desprivilegia muito os acionistas minoritários e serve apenas para encher os bolsos dos Batistas, mantendo seu controle férreo sobre a empresa. Mas, mais do que isso, a mudança planejada para a Holanda pode fazer com que a empresa se junte a outros grandes poluidores cujos planos de crescimento estão sendo contestados nos tribunais holandeses. Os acionistas não devem se deixar influenciar por nenhum lobby de última hora da JBS antes da AGE de sexta-feira e votar Não.”, segundo Montalto.
Em uma carta enviada aos acionistas minoritários da JBS, incluindo o Capital Group, Black Rock e Santander, na semana passada, o Greenpeace International alertou que a proposta de listagem em Wall Street, que inclui a mudança para a Holanda, poderia deixá-la vulnerável a desafios legais. Tribunais holandeses vêm sendo palco de ações contra grandes emissores cujos planos de expansão são incompatíveis com os compromissos climáticos globais. Recentemente, a ONG Milieudefensie (Amigos da Terra Holanda) entrou com um novo processo contra a Shell por motivos semelhantes, e a Corte de Apelação dos Países Baixos já indicou que analisará com rigor esse tipo de plano empresarial.
Duas importantes empresas de consultoria dos EUA, a Institutional Shareholder Services (ISS) e a Glass Lewis, também recomendaram que os acionistas rejeitassem a proposta, citando questões de governança. A ISS declarou que a estrutura proposta é “problemática e prejudica muito os acionistas minoritários”.
O processo de listagem da JBS também gerou repercussão política. Nesta semana, a senadora democrata Elizabeth Warren questionou uma doação de US$ 5 milhões feita pela Pilgrim’s Pride – subsidiária da JBS – ao fundo de inauguração do ex-presidente Donald Trump. Segundo ela, a contribuição e a posterior aprovação do plano pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) levantam preocupações sobre possível influência política indevida.
O resultado final será conhecido após a contagem completa dos votos. Para o Greenpeace, os acionistas ainda têm tempo de rejeitar, de forma definitiva, uma proposta que representa riscos à governança corporativa, aos direitos dos investidores e aos compromissos ambientais globais.
Sobre o Greenpeace Brasil
O Greenpeace Brasil é uma organização ativista ambiental sem fins lucrativos, que atua desde 1992 na defesa do meio ambiente. Ao lado de todas as pessoas que buscam um mundo mais verde, justo e pacífico, a organização atua há mais de 30 anos pela defesa do meio ambiente denunciando e confrontando governos, empresas e projetos que incentivam a destruição das florestas.
Fonte: GREENPEACE BRASIL