O impacto da inteligência artificial na transformação social

IA como aliada de negócios com propósito

A inteligência artificial está mudando a forma como o mundo funciona. Mas o que pouca gente discute com profundidade é como ela pode ser usada a favor da transformação social. Imagine uma tecnologia que ajuda a antecipar enchentes, organizar respostas rápidas em desastres, conectar populações vulneráveis a serviços de saúde e educação ou facilitar o acesso a benefícios sociais. Tudo isso já está acontecendo, e o potencial é muito maior quando organizações sociais e empresas se unem com propósito claro.

Cada vez mais, empresas que têm visão de futuro estão buscando caminhos para gerar impacto positivo junto às comunidades onde atuam. E é aí que a IA entra como ferramenta estratégica. Com algoritmos bem aplicados, é possível identificar padrões de vulnerabilidade, otimizar cadeias logísticas para doações, monitorar dados em tempo real durante emergências e até prever a demanda por determinados serviços em áreas de risco. O investimento em tecnologia com foco social deixou de ser diferencial para se tornar um dever das marcas que querem relevância e reputação no longo prazo.

Estive na China por duas semanas a convite da empresa Huawei, conhecendo iniciativas e soluções tecnológicas aplicadas ao setor social e participando do Huawei Connect, principal evento global da Huawei voltado para inovação em nuvem, inteligência artificial e transformação digital. Vi de perto como a IA já vem sendo utilizada, em diferentes partes do mundo, para prevenir catástrofes naturais com altíssima precisão. Modelos de inteligência artificial cruzam dados meteorológicos, históricos e geográficos em tempo real, antecipando áreas de risco, emitindo alertas preventivos e ajudando governos a tomar decisões rápidas. Embora algumas dessas soluções ainda estejam em fase de testes, muitas já estão em uso prático, com resultados concretos na redução de danos e na proteção de vidas.

Para empresas que atuam com impacto social, a inteligência artificial representa uma ponte entre escala e efetividade. Com uso estratégico de dados, é possível identificar onde ações sociais geram mais resultado por real investido, automatizar atendimentos sem perder a personalização e acompanhar em tempo real indicadores que medem o alcance das iniciativas. Métricas como ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), SROI (Social Return on Investment) e IRIS+ ajudam a calibrar essas ações e mensurar o impacto de forma concreta. Quando bem aplicada, a IA potencializa o que já se faz no campo social, economizando recursos e ampliando o alcance das soluções.

O ponto central é que a inteligência artificial não deve ser tratada apenas como uma inovação tecnológica, mas como um instrumento a serviço das pessoas. Organizações sociais têm conhecimento profundo dos territórios, escutam diariamente quem mais precisa e sabem onde a ação faz a diferença. Já as empresas têm estrutura, tecnologia e recursos para escalar soluções. Quando esses dois mundos se encontram, surgem projetos que são rápidos, eficientes e com impacto real.

Isso exige responsabilidade, sem romantização. A tecnologia não resolve tudo sozinha e pode até aprofundar desigualdades se for mal aplicada. É preciso garantir que os dados usados representem a diversidade da população, que as decisões não sejam enviesadas e que o acesso à tecnologia não fique restrito a poucos. O desafio é fazer da IA uma aliada da equidade.

Unir inovação e impacto é mais do que uma tendência: é uma urgência. A inteligência artificial, usada com consciência e parceria, pode ser uma das maiores forças para ampliar o alcance de ações sociais e acelerar a construção de um Brasil mais justo, resiliente e preparado para o futuro.

Fonte: Folha de Pernambuco

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