Produção intitulada Infância, o Futuro em Alerta foi ao ar na quarta-feira (10), a partir das 22h
A TV Cultura exibiu na quarta-feira (10), às 22h, o documentário inédito Infância, o Futuro em Alerta, produzido pelo Departamento de Jornalismo da emissora. A produção investigou os impactos das mudanças climáticas na saúde mental na primeira infância — crianças de até seis anos de idade.
No Brasil, cerca de 40 milhões de crianças e adolescentes foram afetados diretamente pelos efeitos dos fenômenos do clima. No mundo, a estimativa era de que esse número pudesse alcançar 1 bilhão de crianças, segundo um relatório da UNICEF.
A seca e a enchente, por exemplo, tornaram a produção de alimentos mais difícil e incerta, afetando a oferta de refeições para a população jovem. A exposição à poluição e ao calor prejudicou a saúde física e mental e impactou o desenvolvimento intelectual.
Os eventos climáticos extremos aumentaram o risco de doenças respiratórias, desnutrição e outras enfermidades provocadas ou facilitadas pela insegurança alimentar. Esses fenômenos também causaram grandes prejuízos no ano letivo, impedindo o acesso dos alunos às escolas e comprometendo ou até inviabilizando o aprendizado.
Crianças entrevistadas relataram pavor e aumento dos batimentos cardíacos só de ouvir os primeiros pingos de chuva batendo no telhado. “Nossos primeiros traumas acontecem nos primeiros anos de vida”, disse o psicólogo e psicanalista Paulo Bueno, explicando que roupas, objetos e móveis ficavam completamente destruídos depois de uma enchente.
A emergência climática não se limitou a enchentes, secas ou ondas de calor. Ela atingiu também a dimensão mais íntima da vida: o bem-estar emocional das crianças. Entre as mais afetadas estavam aquelas que viviam em situação de vulnerabilidade social, para quem cada evento extremo se traduziu em medo, angústia, insegurança e até sensação de impotência. Esses impactos não ficaram restritos ao presente: refletiram no comportamento infantil, no desenvolvimento emocional e nas perspectivas de futuro.
O documentário mostrou como as mudanças climáticas já estavam transformando a infância de 18 milhões de crianças brasileiras de 0 a 6 anos, das quais 8 milhões cresciam em contextos de pobreza ou extrema pobreza. A partir das vozes de pesquisadores, famílias e das próprias crianças, a produção deu exemplos de como o calor extremo, enchentes, secas e deslocamentos forçados deixaram marcas físicas, emocionais e cognitivas em uma geração inteira.
As evidências foram alarmantes. Pesquisas apontaram que crianças nascidas em 2020 enfrentarão 6,8 vezes mais ondas de calor e quase três vezes mais inundações ao longo da vida do que aquelas nascidas em 1960.
Mais de 1 milhão de crianças pequenas viviam em áreas suscetíveis a enchentes no Brasil, enquanto nas periferias urbanas a falta de áreas verdes podia elevar a temperatura em até 5°C, comprometendo o sono, a aprendizagem e a saúde. Diante desse cenário, a narrativa buscou responder a uma pergunta central: como proteger nossas crianças em tempos de colapso ambiental?
Título: Infância, o Futuro Em Alerta
Duração: 60 minutos
Pauta, reportagem e roteiro: Tatiana Bertoni
Imagens: Adriano Tavares, Euclides José Marco, Antonio Gallo Ricardo, Coelho Thomas Rodrigues
Assistentes de câmera: Carlos Roberto Jardim, Celso Mendes, Eduardo Silva, Erinaldo Clemente, José Vieira, Valdecy Messias
Operadores de áudio: Fábio Rocha, Wagner Leal
Produção: Ricardo Ferreira
Edição de texto e montagem: Jorge Valente
Edição de imagens e pós-produção: Leandro Silva
Direção de Núcleo: Simão Scholz
Direção de Jornalismo: Marília Assef
Foto: Divulgação/Acervo TV Cultura
Fonte: https://cultura.uol.com.br/noticias/74015_produzido-pelo-jornalismo-da-tv-cultura-emissora-exibe-documentario-inedito-sobre-o-impacto-das-mudancas-climaticas-na-saude-mental-das-criancas.html
