Fraternidade leva ensino fundamental para crianças refugiadas no Malawi – África

A primeira turma é composta por quatro turmas de 40 alunos que iniciaram a nova fase de ensino com a novidade do método Montessori – ensino baseado no respeito e na autonomia da criança

A primeira turma de ensino primário – o ensino fundamental no Brasil, para crianças refugiadas do Campo de Dzaleka (Malawi) foi iniciada esta semana no retorno às aulas da Escola Nação Ubuntu, integrante do Projeto Nação Ubuntu da Organização humanitária Fraternidade sem Fronteiras (FSF). No total, 160 alunos (entre crianças da comunidade e estudantes que já fazem parte do projeto) integram as quatro turmas do novo nível de ensino, lecionado por oito professores.

Todos os professores passaram por uma formação pedagógica com base no método Montessori com a professora-consultora malawiana, Tisungane Howa, a primeira professora a introduzir o método no país.

“A metodologia montessoriana é uma mudança de paradigma onde o professor não é o centro da sala de aula. A proposta pedagógica é baseada no brincar, na alegria, nas relações de afeto e confiança entre crianças e professores, e no protagonismo da criança na construção da sua própria aprendizagem”, explica a coordenadora da Escola Nação Ubuntu, Lilian Villanova.

Durante o novo ensino os alunos são guiados pelos professores-tutores, participam de lições em grupos pequenos e individuais, ganham um currículo individualizado, aprendem a língua inglesa, tem a sua disposição uma variedade de estratégias e materiais para diferentes perfis de aprendizagem e aprendem o valor do respeito a si mesmo, aos outros e ao meio ambiente.

“Neste primeiro momento, as crianças estão se adaptando à metodologia de trabalho em grupos, aos novos materiais e à dinâmica de trabalhar com autonomia, num ambiente de paz e respeito”, explica Lilian.

Ela explica que as primeiras semanas são dedicadas a uma fase necessária de adaptação que pode durar até seis semanas e que esse período é de extrema importância e não pode ser negligenciado. “Tudo é novo para cerca de metade das crianças da escola. Muitas nunca foram à escola antes, nunca saíram do ambiente recolhido da família e do vilarejo em que nasceram. É muita novidade, por isso a adaptação é fundamental”, conta.

Com a pandemia, o planejamento das atividades presenciais foi adaptado aos protocolos sanitários, com instalação de mais pias para a lavagem das mãos e novos parquinhos. No total, cerca de 150 voluntários trabalham no projeto Nação Ubuntu e acompanham a evolução das crianças com as atividades escolares.

Além do desenvolvimento cognitivo, fisico e socio-emocional, as crianças fazem duas refeições por dia, recebem uniformes e adquirem hábitos de higiene pessoal, tudo proporcionado pelo apadrinhamento (doação mensal) do projeto, via Fraternidade sem Fronteiras.

“Estamos muito felizes com a implementação dessa nova turma, é uma nova fase para todos”, e complementa “Dá para sentir, nas palavras dos pais das crianças, que a comunidade não esperava um serviço gratuito e de qualidade voltado para a população refugiada, o que é muito triste, considerando a população exorbitante de refugiados no mundo, e por outro lado, é emocionante estar fazendo parte dessa transformação”, finaliza Lilian.

Sobre a Fraternidade sem Fronteiras – A FSF é uma Organização humanitária e Não-Governamental, com sede em Campo Grande  e atuação brasileira e internacional. A instituição possui 68 polos de trabalho, mantém centros de acolhimento, oferece alimentação, saúde, formação profissionalizante, educação, cultivo sustentável, construção de casas e ainda, abraça projetos de crianças com microcefalia e doença rara. Todos os trabalhos são mantidos por meio de doações e principalmente pelo apadrinhamento.

Mais informações acesse o site http://www.fraternidadesemfronteiras.org.br.

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