Manaus é um polo artístico diversificado, mas enfrenta desafios como a subsistência dos artistas e a falta de oportunidades para que liderem iniciativas de impacto social
Tendo em vista os diversos desafios enfrentados pelos artistas de Manaus, a Associação Intercultural de Hip Hop Urbanos da Amazônia (AIHHUAM) realizou a trilha educacional “Do Zero ao Empreendedorismo Cultural”, uma formação gratuita, executada em parceria com o Instituto Localiza.
A iniciativa foi composta de seis módulos, que abordaram desde o desenvolvimento pessoal até a gestão de projetos e captação de recursos. No total, mais de 300 pessoas participaram da iniciativa ao longo de três meses.
Conforme destaca a representante da AIHHUAM, Adriele Albuquerque, a lista não se limitou a artistas da periferia, mas incluiu outros atores da sociedade.
“Tivemos a participação de empreendedores, agentes culturais, pessoas em transição de carreira e que tinham um desejo genuíno de promover iniciativas em suas comunidades. Esse ‘mix’ de conhecimentos foi fundamental para que a formação fosse um sucesso”, comentou.
“O empreendedorismo não trata apenas de abrir um negócio próprio ou uma carreira, mas é sobre você ser proativo para mudar a realidade em que se encontra, seja ela com finalidade financeira ou não”, complementa Adriele.
Uma das beneficiadas foi Caroline Cezário. Ela conta que entrou com o objetivo de adquirir conhecimentos para gerir a carreira de dança da própria filha. O resultado superou suas expectativas.
“Estou muito feliz por ter conseguido essa oportunidade. Conheci pessoas incríveis e acabei entrando também no mundo artístico. De apenas técnica de enfermagem agora também sou aluna do Liceu [de Artes e Ofícios Claudio Santoro] junto de minha filha. Estou iniciando em danças urbanas, me sentindo realizada. O curso foi muito importante pois aprendi a me posicionar, adquiri conhecimentos novos, fiz networking e, no final do ano, terei minha primeira apresentação como artista”, compartilhou.
Assim como outros participantes, Eliciane Cavalcante também entrou na trilha por uma necessidade pessoal. No caso, submeter uma proposta de projeto em um edital público.
“Eu não tinha ideia de nem por onde começar [a submeter o projeto]. E, de repente, apareceu em meu Instagram a trilha educacional. Eu li rapidamente, na mesma hora me inscrevi. Após três dias de muita expectativa, eu consegui a oportunidade, mesmo ainda sem saber como esses conhecimentos iriam me ajudar”, conta.
Eliciane participou dos módulos “Captação de Recursos e Financiamento” e “Fundamentos da Gestão Cultural”. Agora, com vários conhecimentos específicos, ela já idealiza outras seis ideias de projeto no Riacho Doce, bairro próximo de sua residência.
“Eu tenho certeza que essa comunidade é onde eu vou começar os meus trabalhos. Já tenho ideias voltadas para a área de saúde e de mulheres em idade de debutante. Sei que, caso sejam implementados, essa área nunca mais será a mesma. Também vai colaborar com os outros colegas que levam a arte, pois eles acreditam que a arte faz diferença na vida das pessoas”, finaliza.
Casa Teatro Taua-Cáa
O Coletivo Casa Teatro Taua-Cáa, localizado no bairro Santa Etelvina, desenvolve atividades culturais com foco na transformação social. Oferece aulas gratuitas de teatro e dança, além de outras atividades com mensalidades simbólicas, voltadas para crianças, jovens e adultos da comunidade.
Com espaços para exposição, dança, teatro, cozinha e biblioteca, o coletivo também realiza projetos ambientais, como a “Florestania”. Adriana Cris, cofundadora da iniciativa, destaca a importância de democratizar a cultura em áreas com poucas opções artísticas, como Santa Etelvina, e valorizar a democracia por meio da educação e da arte.
Fonte: Mercadizar
Créditos das imagens: Márcio Oliveira