Experiência de negócios sociais pode ser aliada de empresas em busca de práticas ESG

Negócios que aliam lucro ao propósito de gerar soluções para problemas da sociedade – conhecidos como negócios sociais – são potenciais aliados de empresas que buscam imersão em práticas ESG (Environment, Social, Governance). É o que avalia o advogado, investidor social e cofundador do Instituto Legado de Empreendedorismo Social, James Marins, que também é autor do livro “A Era do Impacto”.

ESG é o termo em inglês utilizado para abordar práticas de sustentabilidade ambiental, inclusão social e governança no universo corporativo. Nos últimos anos, as cifras vêm aumentando entre investidores que buscam os chamados investimentos responsáveis como fator principal para recursos, uma tendência que se torna cada vez mais irreversível. Se a sigla ainda é novidade para muitas pessoas, as práticas responsáveis não são. Há muitos anos os negócios de impacto buscam debater o ESG a longo prazo, não associando atitudes como o baixo impacto ao meio ambiente como algo apenas para “apagar incêndio”, mas sim criar algo que mude a forma de fazermos negócio. Os pilares do impacto são inclusão, diversidade e ecologia. 

“É preciso pensar na importância do impacto no desenvolvimento e até na originação dos seus negócios. Como isso pode implicar na capacidade de ser saudável, sob diversos aspectos, inclusive na capacidade de ser melhor recebido no momento de buscar captação de recursos”, explica Marins. 

É sobre essa nova ética econômica da busca pelo resultado social e socioambiental positivo que James Marins discorre em seu livro “A Era do Impacto”. A obra tenta trazer à consciência um momento que requer um movimento acelerado em busca de inovação e, consequentemente, de evolução, o que é intitulado de Movimento Transformador Massivo. Em resumo, um movimento “que transforma a liberdade, a economia e a inovação, todas de maneira convergente para a construção de um mundo melhor”, explica Marins. 

Ecossistema de empreendedorismo social

Criado em 2013, o Instituto Legado é justamente a prática da obra de Marins. A organização possui programas de aceleração para negócios e startups de impacto de todo o país. Nesses programas inteiramente gratuitos, os selecionados por edital aprendem mais sobre técnicas de gestão voltada para o setor social, teoria da mudança, engajamento de rede e comunicação de causas. 

Além disso, o Instituto – que já ultrapassa a marca de 300 iniciativas de impacto aceleradas – criou dois cursos que se propõem a compartilhar formas de aplicar o ESG nos negócios: A pós-graduação em Empreendedorismo e Negócios Sociais e o MBA em Gestão de Organizações e Negócios de Impacto Social. Os cursos, desenhados pelo Instituto Legado e oferecidos por instituições de ensino superior, ofertam disciplinas que passam por captação de recursos e finanças sociais, planejamento estratégico, estruturação jurídica, inovação, negócios de impacto e mentoria, tudo sempre voltado para iniciativas sociais e ambientais.

Tanto nos projetos quanto nos cursos, o Instituto Legado oferece a empreendedores sociais e outras pessoas interessadas no tema, ferramentas e habilidades úteis para empresas que estão começando a caminhar em práticas ESG e precisam de uma rede de parceiros e consultores que auxiliem nesse processo a partir da suas experiências. “Precisamos de líderes e empreendedores sociais que se tornem capazes de expandir o impacto social de suas atividades de forma perene e sustentável”, avalia Marins.

Um movimento irreversível 

“Risco climático é risco de investimento.” A frase é de Larry Fink, CEO e presidente do Conselho da BlackRock, maior gestora de recursos do planeta com uma carteira de clientes que ultrapassa os 7 trilhões de dólares. Em outras palavras, Fink explica em sua última carta anual dirigida aos CEOs das empresas investidas da gestora, que se um gestor de uma empresa não consegue perceber o impacto das questões sociais, ambientais e de governança no seu negócio, este gestor está colocando o dinheiro do investidor em risco. Não à toa, o líder do setor na gestão de recursos votou pela remoção de mais de 4.500 CEOs de duas mil empresas pesquisadas por ele por falta de demonstrações de cunho social, ambiental e de governança.

“O que Larry Fink trouxe nessa sua última carta é algo que já vem sendo alertado desde 2018. Se ele, que não é do empreendedorismo social, está alertando que é preciso redefinir a capacidade da empresa de receber investimentos, isso vale para todo mundo. O que ele está percebendo é justamente um movimento que se torna cada vez mais irreversível”, afirma Marins. Contrariando a cultura de que o meio ambiente está a serviço da economia, a nova geração de empreendedores mostra que é necessária e urgente uma economia consciente. E é o empreendedorismo social que surge principalmente como um caminho para a transformação do mundo.

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