Fundada pelo carioca Leizer Pereira, Empodera faturou R$ 1 milhão em 2020 e espera triplificar valor neste ano
Com uma carreira de 20 anos em empresas de tecnologia, Leizer Pereira, criado na periferia do Rio de Janeiro, incomodava-se com a falta de diversidade no mercado. Para mudar a situação, ele fundou a Empodera, startup de impacto social que auxilia empresas a contratarem funcionários mais diversos ao mesmo tempo que oferece conteúdo profissional para pessoas em situação de vulnerabilidade, como indíviduos de baixa renda, negros, LGBTQIA+ e refugiados.
Atualmente, a plataforma tem mais de 7.000 conteúdos com dicas sobre mercado de trabalho, incluindo preparação para entrevistas de emprego e elaboração de currículo. São 60 mil pessoas usando a plataforma gratuitamente.
Entre as empresas que são clientes estão Google, Souza Cruz, White Martins, Pepsico, Ambev, Bayer, Santander, YDUQS, Anbima, Twitter, TechnipFMC, Enel, Ipiranga, Itaú, JP Morgan e outras. A startup faturou R$ 1 milhão em 2020.
A vontade de trabalhar com impacto social era antiga. Em 2014, Pereira começou a fazer trabalho voluntário na Educafro, ONG focada em ensino pré-vestibular, onde atuava como professor de matemática. Logo, tornou-se coordenador do cursinho. “Fiquei encantado e vi ali a oportunidade de fazer a diferença”, afirma. Com isso, Pereira também se envolveu com o ativismo social.
Em 2015, a Coca-Cola entrou em contato com a ONG para convidar mais jovens negros para o processo seletivo de trainee. “Tive um insight. Se a Coca-Cola não sabe como incluir negros e ter ações de diversidade, nenhuma outra empresa no Brasil sabe”, afirma. Pereira fez a convocação e recebeu mais de 200 jovens interessados no processo seletivo — muitos dos quais não entendiam como fazer um currículo. Foi então que ele percebeu outro problema: os jovens em situação de vulnerabilidade não estavam sendo preparados adequadamente para o mercado de trabalho.
Pereira criou a Empodera com a ideia de construir uma plataforma digital de recrutamento de jovens talentos, que forneceria um banco de talentos para empresas que buscam diversidade. A plataforma, que começou a operar no início de 2017, também contava com conteúdos de educação profissional para os jovens se preparem melhor para processos seletivos e anúncio de vagas.
Depois de um ano de operação, o empreendedor s
Em 2020, a Empodera estruturou o serviço de consultoria para empresas. “Somos contratados para desenhar programas de diversidade e inclusão dentro de corporações. Para isso, fazemos um diagnóstico de diversidade na companhia. Assim, com a liderança, determinamos a melhor estratégia”, diz Pereira.
Foi quando a Empodera criou o método 3S. O primeiro “S” é de Sensibilizar, ou seja, formar aliados com os líderes e colaboradores da empresa. Depois vem Sistematizar, que é a definição das táticas que tornarão o projeto prático no dia a dia. Por fim, Sustentar — que significa analisar a evolução do programa para decidir se é preciso fazer mudanças.
Com a ampliação dos serviços, a empresa tem expectativa de triplicar o faturamento neste ano.
abia que o problema ia além do recrutamento — era necessário ter ações de inclusão para manter os funcionários na empresa. “É um grande desafio construir um negócio inclusivo, e percebi que deveria dar suporte aos clientes para fazer essa transformação cultural para reter os talentos. Isso alavancaria até o nosso negócio, porque se essas empresas não crescem, nós também não podemos crescer”, afirma. A Empodera então passou a oferecer workshops, palestras, rodas de conversa para falar sobre a agenda de diversidade.
Segundo Pereira, alguns fatores impulsionaram a startup em 2020. “A pandemia escancarou as desigualdades sociais e o papel das empresas nessa transformação. A morte de George Floyd nos EUA colocou o racismo nos holofotes, e as lideranças entenderam que precisam de práticas para combater o preconceito”, afirma. “E a tendência pelo ESG mostrou que o capital está indo para empresas que causam impactos positivos.”
Fonte: Carina Brito, coluna Pequenas Empresas & Grandes Negócios – Globo
Foto: Leizer Pereira, fundador da Empodera (Créditos: Divulgação)