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ESG: o novo paradigma dos negócios

Autor: Flávio Resende

Estão fadadas à extinção – e num espaço de tempo mais curto do que se imagina – as organizações que ainda não entenderam que “a mais valia” não deve ser o ponto focal das relações de consumo, hoje em dia.

Neste sentido, o termo ESG (que vem do inglês “Environmental, Social and Governance“ e diz respeito às práticas empresariais e de investimento que se preocupam com critérios de sustentabilidade – e não apenas com o lucro) tem ganhado cada vez mais importância na relação entre as empresas e seus investidores. Isso porque práticas tradicionalmente associadas à sustentabilidade passaram a ser consideradas parte da estratégia financeira das empresas.

O ESG é usado, portanto, como uma espécie de métrica para nortear boas práticas de negócios, que levam em consideração os impactos ambientais e sociais da cadeia de negócios, as emissões de carbono, a gestão dos resíduos e rejeitos oriundos de determinada atividade, questões trabalhistas e de inclusão dos trabalhadores e a metodologia de contabilidade, dentre outras.

A novidade é que tudo isso ganha força dentro de um contexto em que grandes empresas têm suas ações listadas em bolsas de valores e há cobrança por parte de acionistas e fundos de investimentos por práticas que garantam a sobrevivência de uma empresa a longo prazo.

As grandes instituições têm interesse na rentabilidade das empresas das quais são acionistas e por isso os investidores passaram a aumentar a cobrança pela adoção e divulgação de práticas de negócios baseadas em ESG, já que a falta de compromisso ambiental tem sido vista como um risco crescente para a sustentabilidade do sistema financeiro global.

Bingo! Acertou quem já entendeu que empresas e investidores mais atentos já perceberam que a sobrevivência de seus negócios depende da continuidade da espécie humana, fortemente ameaçada pela crise climática iminente, por exemplo.

Parece, mas não é

O fato de conversar com o mundo financeiro também oferece ao ESG um status elevado em comparação com o surrado termo sustentabilidade, visto com ceticismo e descrédito por muitos executivos pela sua origem no universo das ONGs. Assim, o que se vê hoje é uma tentativa de substituição de sustentabilidade por ESG, especialmente por aqueles que se mantiveram distantes destes temas.

Realmente, ESG parece sustentabilidade, mas não é o mesmo. ESG joga luz sobre aspectos não-financeiros que precisam ser considerados por uma companhia que busca ser sustentável. ESG é, em essência, a abertura de informações e a mensuração da performance da gestão ambiental e social e das práticas de governança de uma organização. Tudo que gerar evidências dos impactos da atividade produtiva e, principalmente, dos riscos inerentes ao negócio para a tomada de decisão dos detentores de capital.

Ao mesmo tempo, os pequenos investidores, cada vez mais comuns nas bolsas de valores pelo mundo, analisam esses relatórios e as estratégias de ESG adotadas pelas empresas para escolher qual o direcionamento de seus aportes. Para quem se preocupa com o meio ambiente, o ESG é uma boa forma de acompanhar as práticas de governança e sustentabilidade de uma empresa, verificando se os valores que ela defende e pratica correspondem aos seus.

O ESG tem grande impacto em como uma empresa é vista, independente de seus resultados financeiros, em um cenário em que o propósito de uma empresa e seus valores tem sido muito valorizado por investidores e também pelo consumidor final. Assim, existe um novo paradigma de negócios em implementação nas empresas, sobretudo as de capital aberto, na quais o desemprenho nos critérios de ESG pode fazer toda a diferença na cotação de mercado da empresa, além de influenciar na votação dos acionistas.

Oportunidade

Seguindo esta linha de raciocínio, as práticas de “Environmental, Social and Governance” trazem oportunidades para as empresas. Além de mitigar riscos e gerar valor no longo prazo, é possível integrar o ESG com estratégias corporativas, melhor governança e maior comunicação entre os acionistas e partes interessadas. Adotar práticas de ESG exige, portanto, adaptação das empresas a processos mais sustentáveis e práticas tradicionalmente ligadas à Economia Circular, o que pode ser uma boa forma de atrair o público crescente interessado no consumo consciente.

O Impact Hub Brasília se propõe a ser um espaço de discussão destas ideias, incentivando práticas de ESG dentro de nossa comunidade de impacto. Aqui é possível se conectar com dezenas de empreendedores sociais da rede, fazendo networking e aprofundando esta e muitas outras temáticas convergentes com o universo do impacto social. Esperamos por você!

* Flávio Resende é jornalista, empreendedor social e diretor da Proativa Comunicação.

 

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