Brasil discute futuro do cuidado em demências em seminário internacional da ABRAz

Evento reunirá especialistas, autoridades e sociedade civil nos dias 16 e 17 de outubro de 2025, na sede da OPAS/OMS, em Brasília (DF), para debater a construção do Plano Nacional de Demência e fortalecer a resposta de saúde pública à doença no Brasil

 

Diante do envelhecimento acelerado da população mundial e da crescente incidência de demência, especialmente em países de médio e baixo desenvolvimento socioeconômico, torna-se urgente discutir e planejar, junto a entidades públicas e privadas, governos em suas mais amplas esferas e a sociedade civil, um Plano Nacional de Demência. O primeiro passo nesse sentido foi dado com a sanção da Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências (Lei nº 14.878, de 4 de junho de 2024).

Com o intuito de fomentar essa discussão com o poder público, a Associação Brasileira de Alzheimer e Condições Relacionadas (ABRAz) realiza o 1º Seminário Internacional de Políticas Públicas em Demências, nos dias 16 e 17 de outubro de 2025, no auditório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), localizado no Setor de Embaixadas Norte, Lote 19, Brasília (DF), com início às 8h30 horas. Com essa iniciativa, a ABRAz busca aprofundar as discussões que visam aprimorar a resposta de saúde pública à demência, em consonância com o compromisso global iniciado pelo Plano Global de Ação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 2017, a OMS aprovou o Plano Global de Ação para uma Resposta de Saúde Pública à Demência, com metas estabelecidas até 2025. Essa iniciativa, adotada por 194 países, incluindo o Brasil, tem como objetivo central melhorar a vida das pessoas que vivem com demência, seus familiares e cuidadores, além de mitigar os impactos sociais e econômicos da doença, que já figura como a sétima maior causa de morte no mundo e tende a crescer dramaticamente nas próximas décadas.

Na avaliação da presidente da ABRAz, a geriatra Celene Pinheiro, o Seminário Internacional de Políticas Públicas em Demências está alinhado ao propósito da associação. “Reconhecer a demência como prioridade de saúde pública; promover a conscientização e a construção de sociedades inclusivas; reduzir fatores de risco; garantir diagnóstico, tratamento, cuidados e apoio faz parte da nossa origem há três décadas.”

Ela acrescenta: “Propusemos uma pauta que convoca o poder público e as entidades militantes do envelhecimento saudável e ativo para analisar e debater um modelo viável e factível do Plano Nacional de Demência, que contemple todas as peculiaridades continentais da saúde pública brasileira.”

Apesar da ampla adesão ao Plano Global de Ação da OMS, a implementação das diretrizes está aquém do esperado. Até o momento, menos de 25% dos países possuem estratégias nacionais consolidadas, número significativamente abaixo da meta de 75% prevista para 2025. Segundo Celene, o Brasil, conquistou há pouco mais de um ano uma lei que determina e imprime um modelo de cuidado à pessoa com demência. “Ainda há um longo caminho até chegarmos a um programa nacional que englobe as inúmeras nuances do cuidado e, principalmente, dê suporte ao cuidador, em especial o familiar.”

O Brasil enfrenta entraves significativos, como a ausência de financiamento adequado e dificuldades de articulação entre os diferentes níveis de governo. Ainda assim, o país é apontado como tendo uma “janela de oportunidade” para avançar, desde que haja maior envolvimento do Legislativo, Executivo e da sociedade civil. “A ABRAz tem desempenhado papel fundamental nesse processo, mobilizando esforços para a construção do Plano Nacional de Demência e acompanhando iniciativas voltadas à melhoria da qualidade de vida das pessoas com demência e seus familiares”, reforça Celene.

A ABRAz também acompanhou de perto a trajetória de criação do Plano Nacional de Demência. Atuou de forma decisiva na formação do CoNaDe (Coalizão Nacional pelas Políticas Públicas em Demência), reunindo lideranças de todo o país em ações coordenadas para a implementação do plano, integrando o grupo gestor.

O seminário espera reunir lideranças do ativismo, da ciência, autoridades internacionais e representantes do poder público das áreas de saúde, economia, previdência e educação, dando início a debates que poderão culminar na consolidação de uma política nacional robusta e eficaz. O evento contará com cerca de 100 participantes presenciais e será transmitido ao vivo pelos canais da OPAS e da ABRAz Nacional (@ABRAzAlzheimer), no YouTube
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Fonte: Associação Brasileira de Alzheimer | ABRAz

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